Ontem ia a passar na net quando o vi. Seria possível? Outra vez isto. E ainda por cima veio da Kim Kardashian.. Quantas vezes consegue uma pessoa meter a pata na argola? Nunca fui fã das Kardashians, das vidas delas, nem dos negócios ou aquilo que representam. Na verdade, mete me meio triste. Triste de ver aquilo que passa em olhos alheios, que as miram de inveja e vão a correr para arranjar os produtos que elas usam, ver todo o post, que as veneram como deusas quase cegamente, ignorando o facto que são tudo menos o arquétipo da perfeição e os seus valores; que fazem primeiro e pensam segundo. Não é a primeira vez.

Devo dar-lhes o crédito. Que trabalham muito, sim. Que criaram vários negócios de sucesso e conseguiram catapultar o seu nome de umas quaisqueres tipas ricas para marcas milionárias, tudo graças à coordenação da mãe. Ao mesmo tempo mete pena. O que estão dispostas a fazer e onde se estão dispostas a levar e deixar usar para fazerem sucesso. A que preço? De que serve fazer milhões em troca de fama por uma vida à vista de todos? O limite entre a vida profissional e a pessoal delas não existe: está tudo cá fora. Os projetos falhados, os momentos ridiculos, as decisões estúpidas, os esquemas por publicidade que só se sabe o que se passa "se se vir o programa delas" ou ler uma qualquer revista. Este tipo de poder é *ginormesco*. É um poder que não pode cair assim na mão de qualquer um com dinheiro ou uma cara de boneca porque se não se souber utiliza-lo sabiamente é um desastre. E foi o que aconteceu aqui. 

Ora quem está familiarizado com as Kardashians sabe que a maioria das pessoas que as idolatram são raparigas novas. Raparigas que olham para elas pensam que é assim que devem ser,  muitas acreditam piamente em tudo o que elas dizem, fazem e pois claro, apoiam. As pessoas mais novas são também as mais facilmente impressionáveis porque é difícil levar constantemente na cara com o ideal da "mulher perfeita" nas revistas e no instagram e não ficar um pouquinho self-conscious.  

Só nos últimos 3 meses, vi pelo menos 2 idiotices que me fizeram seriamente questionar a vida e abanar a cabeça. Disappointed, but not surprised. A primeira foi a Kylie a promover aquelas cintas para diminuir a cintura logo depois de ter dado à luz.  Acontece que, essas cintas são tudo menos "adequadas" ou solução para seja lá o que for. Talvez se quiserem ficar com os órgãos todos esborrachados e sérios problemas de saúde, circulação e coluna.. Mas vá, se uma Kardashian está a promover então que sei eu, uma simples plebeia?

Ainda não há muito tempo houve mais outra. (Será que esta gente não aprende?) Desta vez foi a Khloe que nessa altura estava grávida, com as suas "dicas para parecer super magra nas fotos". Lembro que uma atriz e ativista que eu sigo a chamou logo à atenção. Então mas que treta é esta? Exatamente nessa altura ela já tinha exposto um outro post em que se viam as imagens das irmãs Kardashian junto com o peso de cada uma em cima. Mostrou-se desiludida com a sociedade e criticou como reduziam as mulheres a nada mais do que números numa balança, uma medida do seu valor.  Em circunstâncias nenhumas, uma mulher parecer mais "gorda" numa foto é uma coisa para repudiar e para sentir nojo ou desprezo. Querer parecer "magríssima" e preocupar-se com isso nas fotos ou por em causa a saúde e bem-estar para isso é preocupante. O facto que pessoas com tanto poder, que são observadas a pente-fino por milhões incentivarem coisas assim é alarmante.

Sou toda a favor de girl power e cada um têm direito a fazer o que quer mas como se diz, a liberdade de um acaba onde começa a liberdade do outro. Se aquilo que promovem põe em risco outros e é eticamente questionável então provavelmente deveria ser evitado ou elimininado. Deveria ser promovido o amor-próprio radical, não o desprezo. O amor das curvas, das manchas, dos pneuzitos, tudo para ser feliz e saudável. Uma coisa e a outra. Sempre priorizando a primeira. Ser gordo não é ser infeliz nem é ser "não  saudável".  Também não o é ser magro. A espessura de alguém não define nada. Nem o seu valor, nem a sua saúde ou a sua felicidade. É um cliché enorme mas é verdade. A aceitação é das coisas mais díficeis de alcançar e um trabalho continuo. Não se deixem rebaixar ou que vos digam o vosso valor, especialmente alguém que só está a tentar ganhar dinheiro à conta das vossas dúvidas.

Com isto dito, querida Kim, podes levar os teus "chupa-chupas supressores de apetite maravilhosos" para o sítio onde pertencem, o lixo. Que linda lição para as raparigas jovens. Uma mulher crescida de  quase 40 anos a dizer-lhes para ignorarem as suas necessidades e maltratarem-se para parecerem a Olívia Palito e ela ganhar uns milhõezitos.. Isto é de todos os tons de errado.  Não obrigado à publicidade "mal escolhida, aos sub-tons de bodyshaming, à treta que continua a passar despercebida e ser incentivada. À redução de pessoas a números em balanças e nas carteiras de gente que não se podia importar menos com os estragos que faz quando dorme à noite porque o aconchega a carteira. Mais importante, chega de deixar estas coisas passar. Está mais do que na hora de levar estes assuntos seriamente e responsabilizar quem continua a usar o seu poder para perpetuar estas bostas. 

Let us move forward with our heads held high and the revolutionary idea that we are already strong babes, and unite against the bullshit. ♡